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quarta-feira, 6 de junho de 2012

CULTURA EM PAUTA


PARA QUE SERVEM OS SEMINÁRIOS?
(Marilza de Castro)

Acadêmicos, ativistas culturais, artistas e escritores... É bem verdade que alguns, infelizmente ainda não bem esclarecidos, não muito iluminados, personalizando alguns “egos inflados”, fogem à regra geral dos idealistas, verdadeiros “soldados da Cultura”, baluartes do Amor e da Fraternidade Universal, do Equilíbrio e da Paz do Tudo, do Todo... que formam a grande maioria desses “missionários” da humanidade.

Através da Cultura, das Artes em geral é que conseguimos melhor sensibilizar os seres e despertá-los para o cultivo das mesmas, as quais farão aflorar, em cada um, o amor interior, mesmo quando lá adormecido, formando a tríade alma-corpo-mente entrar em perfeito equilíbrio, proporcionando a paz individual. Quando cada um estiver em paz consigo mesmo, a Paz no Mundo e no Universo estará estabelecida.

Muito viemos falando em labutar pela Cultura, promovê-la, divulgá-la, desenvolvê-la, através dela integrar pessoas e povos; há várias formas de trabalhar pela Cultura e, confessamos, não é um caminho muito fácil de ser percorrido. Para se promover Cultura é preciso se ter a humildade de ouvir e ver o que outros ativistas culturais têm a nos dizer, a nos mostrar, outros com mais experiência, até mesmo com mais criatividade que nós, mais destemor para superar as dificuldades administrativas, sociais e financeiras que tais empreendimentos enfrentam. As coisas podem ficar um pouco mais fáceis de serem assumidas e levadas adiante se várias pessoas dedicadas à Cultura, os grandes e os pequenos empresários e as Entidades Governamentais se unirem em torno de Projetos Culturais que poderão, não só produzir lazer à população, como também levá-la a manter viva, na memória, suas tradições, levá-la a cultivar conhecimento, a mais e mais apreciar, captar, expressar e comunicar beleza, a exercer verdadeiramente a sua cidadania defendendo o direito de todos e praticando, cada um, os seus deveres, respeitando-se e aos demais como a si mesmo, atuando fraternalmente com o meio social e físico em que vive, espalhando amor a seu redor e construindo assim um Mundo bem mais tranqüilo e feliz.

Seminários reúnem pessoas, fazem-nas sair do marasmo de sua rotina diária, encontrar e conhecer pessoas outras com as quais têm a possibilidade de trocar idéias, mensagens de saber, experiências de vida, relaxar e se alegrar, entrar em sintonia, compartilhar emoções e ideais... Refletir, tirar conclusões, renovar-se interiormente, reelaborar pensamentos são os bons efeitos de um seminário sobre seus participantes, fazendo com que saiam dele totalmente renovados e prontos para refazerem suas atividades diárias de uma forma mais rica, mais construtiva, mais adequada aos objetivos almejados, mais capaz de obter bons resultados como desejado.

Há poucos dias, participamos de dois grandes Seminários Culturais promovidos por Entidades e pessoas de fibra e amor à Cultura. O primeiro foi o II Seminário Acadêmico Cultural em Búzios, RJ, em que o tema era “A importância de uma visão de Cultura Internacional para as Academias, explorado através de três brilhantes palestras:

1ª) “A Importância das Academias de Letras e Artes no Brasil”, que teve como palestrante o emérito professor catedrático Evanildo Bechara;

2ª) “As Artes Plásticas e a Literatura, unidas como instrumento de Comunicação”, tendo como palestrante a também emérita professora e doutora Maria Amélia Amaral Palladino;

3ª) “Intercâmbio Cultural e sua importância no Novo Milênio”, cujo palestrante foi o Dr. William Almeida Carvalho, Vice-Presidente da ALAB-Acad. De Letras e Artes Buziana (promotora do evento), ex-Secr. de Estado do DF e ex-Sub-Chefe do Gabinete Civil da Presidência da República.

O segundo simpósio de que participamos nesses dias foi em Florianópolis,SC, promovido pela Acad. de Letras do Brasil-Fl,SC, cujo tema era: “Integração da Literatura Catarinense” e o objetivo “Redefinir o papel das Academias, uma vez que sendo iguais e tendo os mesmos objetivos, ou seja, buscar dar maio destaque à implementação da política cultural, implantando ali um pólo irradiador de Cultura por iniciativa particular ou através de parcerias governamentais. A abertura do simpósio incluiu um interessante ritual: o “Cerimonial das Velas”: três velas foram acesas, uma verde significando a esperança dos escritores brasileiros em verem seus trabalhos reconhecidos nacional e internacionalmente, contribuindo para o desenvolvimento de muitos; uma vela vermelha representando o sangue dos escritores que lutam arduamente, às vezes até a morte, em busca de alcançarem seu ideal e uma vela branca representando a chama da harmonia e paz entre as Entidades Culturais todas. Esse ritual assemelhou-se ao ritual praticado nas reuniões do InBrasCI, no início das quais se acende simbolicamente a “Chama da Paz”. Brilhantes palestras foram realizadas também durante tal simpósio:

- “Os desafios do pequeno escritor e sua relação com o Mundo Literário”, que teve como palestrante o Dr. Miguel Simão, Presidente da ALB-SC;

- “Contos e Crônicas”, proferida pelo eminente escritor, professor e acadêmico Julio de Queiroz, cuja explanação brilhante sobre o assunto mais nos esclareceu sobre a Comunicação mundial;

- “Responsabilidade do Escritor no Mundo Atual”, assunto discorrido pela palestrante portuguesa Rosa de Souza;


- “Que incentivo existe para os escritores catarinenses?”, (que nós estendemos aos escritores brasileiros em geral), apresentada pelo esmerado folclorista Dr. Nereu do Vale Pereira;

- “Geração Futura-Um Alerta Cultural”, tema apresentado pelo Dr. Valdir Mendes, Presidente da ALB-Fj,SC.

Nos dois Seminários, todos os palestrantes expuseram brilhantemente suas idéias e, apesar dos pontos específicos e particulares de cada um e de cada meio físico a que estivessem mais ligados, pode-se dizer que houve entre ambos os seminários, elos comuns: inicialmente, o interesse e a empolgação dos promotores e participantes todos de contribuírem para o engrandecimento da Cultura Nacional e de apresentarem algumas soluções para os problemas em que artistas, mais especificamente os escritores, enfrentam. Houve uma unanimidade em se exaltar a necessidade das Academias de Letras encamparem a defesa da Língua Portuguesa, em sendo ela o traço de união entre pessoas e povos lusófonos e mais se dedicarem também a enriquecerem seus quadros com novos e jovens talentos, pois serão eles os continuadores nossos, os futuros escritores e perpetuadores da melhor língua escrita e comunicadores dos nossos saberes. O Dr. Mário Carabajal – Presidente da ALB (Nacional e Internacional) declarou, em aparte oportuno, que as Academias devem sim se preocupar com o bom uso da Língua, tanto oral quanto escrita e difundir e integrar Culturas, mas, além disso, devem incentivar o uso da palavra, essa poderosa arma do escritor como meio de expressão e comunicação, para interferir e apontar caminhos ao bom exercício da cidadania e da boa governança dos eleitos pelo povo, procurando, pois, através dela, também exterminar a corrupção, delatando-a quando dela tomar conhecimento, combatendo-a, buscando, através dela, a defesa do povo e do meio-ambiente e a mais fraterna convivência entre pessoas e povos, exercendo assim as Academias, através desta ou daquela Arte que promovem, uma ação não só como um meio de popularização da Cultura (não específica para uma elite, mas para todos), mas também o ser uma voz do povo para todos no seu pleno direito de exercício político-social, através da crítica construtiva e do apontar soluções para os problemas da sociedade, o que corroborou a proposição da escritora Rosa de Souza, quando declarou que o escritor ( e nós acrescentamos o artista em geral, através de seu meio específico de expressão e comunicação) precisa ser destemido, corajoso e que sua escrita deve representar seu real pensamento como ser humano e cidadão que é, defendendo sempre seu pensamento com entusiasmo e criatividade.

O Dr. Miguel Simão declarou tomar como “pequeno escritor” aquele ainda não inserido no mundo literário, porque não é conhecido e não é conhecido porque não tem verba para editar, é o chamado “escritor de gaveta” e o que vale escrever se não comunica a outrem o que pensa? É preciso que os caminhos se abram para quem tem o que dizer, o que mostrar, levando os demais à reflexão, ao deslumbramento, ao ir além... Assim, o Dr. William Carvalho nos demonstrou o quanto é necessário o incentivo cultural, mas nos deixou claro que, num país capitalista como o nosso, fica praticamente impossível produzir Cultura se não se sabe o “caminho das pedras”, disse-nos ainda ele que verba existe destinada ao incentivo cultural tanto nos órgãos dos governos, como nas Entidades de grande porte particulares, mas que se precisa saber onde e como lá chegar: projetos culturais têm formas específicas para serem aceitos em cada Entidade, governamentais ou não e como o escritor/artista normalmente não tem noção desses detalhes burocráticos para alcançar apoios financeiros, precisa contratar os serviços de um profissional gabaritado para tal... (Quer dizer: tem que pagar um dinheiro que ele não tem, para obter o dinheiro... É, o “pulo do gato” ele não ensinou...). Já o Dr. Nereu do Vale, ao comentar sobre os incentivos aos escritores declarou que editar e vender livros é processo complicado, que a internet, nesse ponto, até facilita um pouco: a edição de um livro virtual é um pouco mais barata; através da internet tem como vender livros editados... Disse ele ainda que algumas gráficas ainda buscam facilitar o processo, mas a falta de verba é realmente um entrave. O representante da ALB de Caminas, SP, declarou que os Ministérios de Cultura têm verba destinada a auxiliar projetos, mas que há normas, sim, a serem seguidas na elaboração dos mesmos e que não precisa de profissional especializado, basta pesquisá-las nos sites próprios na internet... Confesso que, interessada, busquei dar uma espiadela inicial e... não achei tão fácil assim...

Maria Amélia Palladino apresentou a todos os benefícios do cultivo da Literatura, a par da Língua e das Artes para a sociedade, mostrando que a soma das mesmas só pode reforçar e fazer crescer a contribuição das mesmas aos indivíduos e à Nação.

Numa síntese, o Dr. Valdir Mendes traçou um paralelo entre passado – presente – futuro , dizendo que o passado é a nossa memória, nossa base, que não pode jamais ser esquecida, pois é formadora do nosso presente, que representa o desenvolvimento, o avanço do saber com a facilidade de uma melhor aprendizagem, produto de um passado que deve ser bem usado e adequadamente aproveitado para que o futuro seja melhor, mais proveitoso ainda. Que esse é o alerta que nos cabe, nós acadêmicos, escritores, artistas... Que cabe às Entidades Culturais, às Escolas e professores, às famílias, à mídia, porque nossos atuais jovens e crianças serão os adultos de amanhã e que depende de nós todos, no hoje, bem prepará-los para o amanhã, numa vigilância constante a seu desenvolvimento, para um real progresso contínuo da humanidade.

Foi levantada também a questão da rejeição dos jovens à leitura e dos perigos da internet, refletindo-se que a responsabilidade primeira em relação aos dois problemas é da família: observar o uso da internet pelos filhos, para que não caiam nos perigos que modernamente ela apresenta, alertando-os e ficando atentos, inclusive ao uso virtual da nossa Língua para que os vícios lingüísticos dos internautas não sejam por eles absorvidos... Atentar sempre... Chamar a atenção devidamente para os desvios... O mesmo em relação à escola, ao professor... Quanto ao hábito da leitura, foi unânime a declaração de que seu cultivo deve vir desde sempre; que o manuseio de um livro pelo bebê, acompanhando seu crescimento, ouvindo as histórias que são lidas pelos parentes é o básico e a escola deve, por sua vez, dar prosseguimento a esse culto. É preciso que se force a mídia à mesma prática: não comprar para os filhos o brinquedo que a mídia oferece, muitas vezes nocivos (como os que incentivam a guerra), mas comprar um livro; pouco a pouco, a mídia irá perdendo terreno com suas ofertas e se voltará para oferecer cultura: propaganda de livros, programas mais culturais que serão de boa influência na formação de nossos filhos. O Sr Osvaldo Junior, do RS, corroborou efusivamente com tal opinião.

Assim ficou, pois, me parece, bem delineado o papel do ser humano, do escritor, do artista em geral e da Academia (de Letras, de Ciências e de Artes, cada uma adequando a si o que foi concluído e aqui exposto):

- eternos vigilantes e incentivadores do bom uso da Língua oral e escrita;

- inveterados sonhadores a correr atrás da realização de seus sonhos, buscando esclarecimentos e ajuda que lhe possibilitem o êxito de seus ideais, embora o trilhar de seus caminhos geralmente seja árduo;

- incentivadores da leitura e das práticas artísticas;

- agentes de fixação da memória sócio-cultural das pessoas e seu aprimoramento;

- promotores do desenvolvimento da cidadania nas pessoas, na Nação;

- promotores da jovem cultura acadêmica;

- cultores da Língua, da Literatura, das Ciências, das Artes, da Cultura em geral, da fraternidade, da paz universal.
Marilza de Castro

Assim definidos nossos objetivos, só nos resta, pois, preparar-nos para as nossas reais funções e partirmos para a ação, lembrando que a atuação acadêmica não deve se restringir a quatro paredes de uma sala-auditório, que, como já disse o Alves, a praça é do povo e digo-lhes eu agora que, assim como o homem é da Terra, assim os ambientes internos e externos são do artista, do poeta e prosador – projetando-se neles, levando a todos a Cultura, cumprindo nossa missão.