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segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Os novos Bárbaros - por Alessandra Leles Rocha

A humanidade tanto fez que conseguiu assumir de vez seu lado mais animalesco e brutal de viver em sociedade. Distante das arenas cristãs, das fogueiras medievais, das guilhotinas e dos paredões de fuzilamento, as praças de tortura e condenação estão à disposição em qualquer lugar.
Basta o menor sinal de loucura para que lancemo-nos uns aos outros à fúria de bestas-feras humanas e animais. Mulheres que tanto têm batalhado por sua dignificação de direitos na sociedade, estão à mercê das sumárias escravizações e abusos da mentalidade tacanha e machista que impera ainda nesta civilização. Um dissabor terrível experimentado por elas desde a infância!
Seres humanos enjaulados no cárcere deformado da correção, meliantes entregues à distorção dos direitos humanos para que nestas condições sejam reabilitados e re-inseridos na sociedade. O modelo caótico da punição social que não pune o delito ou crime, mas pune a simples existência do cidadão, como se indivíduos dessa estirpe tivessem mesmo que ser exterminados de algum modo da sociedade. De venda nos olhos, a Justiça não vê o que se passa além do papel e não se move em defesa do justo e correto à vida do condenado, por pior que tenham sido as ações cometidas pelo réu.
Nas vias públicas pessoas são surpreendidas ao ataque de cães ferozes, abandonados pelos próprios donos conscientes e temerosos da responsabilidade criminal que lhes recai no caso de incidentes a terceiros. Um espelho moderno do que faziam os leões nas arenas romanas, com a diferença de que hoje as vítimas são escolhidas ao acaso da própria infelicidade. E quando não são os animais, são as gangues e milícias do terror a derramar o sangue silencioso de inocentes. Gays, lésbicas, negros, mendigos, índios, prostitutas, portadores de necessidades especiais, qualquer um deles torna-se alvo fácil ao sopro mórbido da delinqüência atroz desses novos bárbaros.
O fato de o tempo passar, dos dias cumprirem seu próprio destino e da história escrever ininterruptamente seu diário de memórias parece não significar nada aos olhos da humanidade cega e ensandecida. É como se lá nos primórdios da civilização um germe nocivo e contagiante tivesse tomado de assalto à alma humana e ordenado aos cérebros mais rudimentares comandos de extermínio. A medida com que a sociedade foi gerando novos descendentes, alguns infelizmente trouxeram consigo tais genes deletérios e cumprem essa sombria sina.
Aos imunizados a tais comportamentos e atitudes bizarras restam à perplexidade, a indignação, a dor e a vontade pungente em transformar, reconstruir, essa população maculada por meio de ações sérias, contundentes e implacáveis contra a impunidade, a leviandade, a indiferença e a banalização da existência humana sobre a Terra. Certamente, unida e determinada em trazer de volta a Razão à parcela doente, a humanidade encontrará o antídoto certo para continuar sua jornada, distante da crença passiva de que para esse mal não há cura.
Alessandra Leles Rocha

Publicação: www.paralerepensar.com.br 26/11/2007