Exemplo do povo japonês/site anjo de luz Quinta-feira, 31 de Março de 2011 17:14
De: "Bel Piccoli"
ABRAÇO/Bel
COMPARTILHANDO INFORMAÇÃO DE LUZ.
O belo exmplo do povo japones, com os acontecimentos recentes do Terremoto e Tsunami neste 1 trimestre de 2011.
Essa mensagem é uma coisa muito linda. É Budista e desperta em nós o que há
de mais profundo nos ensinamentos do próprio Cristo.
Muito obrigada
Japão, por Monja Coen
*JAPÃO *
* Quando voltei ao Brasil, depois de residir doze anos no Japão, me
incumbi da difícil missão de transmitir o que mais me impressionou do povo
Japonês: kokoro. *
* Kokoro ou Shin significa coração-mente-essência. *
*Como educar pessoas a ter sensibilidade suficiente para sair de si
mesmas, de suas necessidades pessoais e se colocar à serviço e disposição do
grupo, das outras pessoas, da natureza ilimitada? *
* Outra palavra é gaman: aguentar, suportar. Educação para ser capaz de
suportar dificuldades e superá-las. *
*A primeira pela violência do tsunami e dos vários terremotos, bem como dos perigos de radiação das usinas nucleares de Fukushima. *
*A segunda pela disciplina, ordem, dignidade, paciência, honra e respeito de todas as vítimas. *
*Filas de pessoas passando baldes cheios e vazios, de uma piscina para os
banheiros. *
*Nos abrigos, a surpresa das repórteres norte americanas: ninguém queria
tirar vantagem sobre ninguém. Compartilhavam cobertas, alimentos, dores,
saudades, preocupações, massagens. Cada qual se mantinha em sua área. As
crianças não faziam algazarra, não corriam e gritavam, mas se mantinham no
espaço que a família havia reservado. *
* Não furaram as filas para assistência médica – quantas pessoas
necessitando de remédios perdidos- *
*mas esperaram sua vez também para receber água, usar o telefone, receber
atenção médica, alimentos, roupas e escalda pés singelos, com pouquíssima
água. *
* Compartilharam também do resfriado, da falta de água para higiene
pessoal e coletiva, da fome, da tristeza, da dor, das perdas de verduras,
leite, da morte. *
* Nos supermercados lotados e esvaziados de alimentos, não houve saques.
Houve a resignação da tragédia e o agradecimento pelo pouco que recebiam.
Ensinamento de Buda, hoje enraizado na cultura e chamado de kansha no
kokoro: coração de gratidão. *
* Sumimasen é outra palavra chave. Desculpe, sinto muito, com licença.
Por vezes me parecia que as pessoas pediam desculpas por viver. Desculpe
causar preocupação, desculpe incomodar, desculpe precisar falar com você, ou tocar à sua porta. Desculpe pela minha dor, pelo minhas lágrimas, pela
minha passagem, pela preocupação que estamos causando ao mundo. Sumimasem.
* Quando temos humildade e respeito pensamos nos outros, nos seus
sentimentos, necessidades. Quando cuidamos da vida como um todo, somos
cuidadas e respeitadas. *
*O inverso não é verdadeiro: se pensar primeiro em mim e só cuidar de mim,
perderei. Cada um de nós, cada uma de nós é o todo manifesto. *
* Acompanhando as transmissões na TV e na Internet pude pressentir a
atenção e cuidado com quem estaria assistindo: mostrar a realidade, sem
ofender, sem estarrecer, sem causar pânico. As vítimas encontradas, vivas
ou mortas eram gentilmente cobertas pelos grupos de resgate e delicadamente transportadas – quer para as tendas do exército, que serviam de hospital, quer para as ambulâncias, helicópteros, barcos, que os levariam a hospitais.
* Análise da situação por especialistas, informações incessantes a toda
população pelos oficiais do governo e a noção bem estabelecida de que “somos um só povo e um só país”. *
* Telefonei várias vezes aos templos por onde passei e recebi
telefonemas. Diziam-me do exagero das notícias internacionais, da confiança
nas soluções que seriam encontradas e todos me pediram que não cancelasse
nossa viagem em Julho próximo. *
* Aprendemos com essa tragédia o que Buda ensinou há dois mil e
quinhentos anos: a vida é transitória, nada é seguro neste mundo, tudo
pode ser destruído em um instante e reconstruído novamente. *
* Reafirmando a Lei da Causalidade podemos perceber como tudo está
interligado e que nós humanos não somos e jamais seremos capazes de salvar a Terra. O planeta tem seu próprio movimento e vida. Estamos na superfície,
na casquinha mais fina. Os movimentos das placas tectônicas não tem a ver
com sentimentos humanos, com divindades, vinganças ou castigos. O que
podemos fazer é cuidar da pequena camada produtiva, da água, do solo e do ar que respiramos. E isso já é uma tarefa e tanto. *
* Aprendemos com o povo japonês que a solidariedade leva à ordem, que a
paciência leva à tranquilidade e que o sofrimento compartilhado leva à
reconstrução. *
* Esse exemplo de solidariedade, de bravura, dignidade, de humildade, de
respeito aos vivos e aos mortos ficará impresso em todos que acompanharam os eventos que se seguiram a 11 de março. *
* Minhas preces, meus respeitos, minha ternura e minha imensa tristeza em
testemunhar tanto sofrimento e tanta dor de um povo que aprendi a amar e
respeitar. *
* Havia pessoas suas conhecidas na tragédia?, me perguntaram. E só posso
dizer : todas. Todas eram e são pessoas de meu conhecimento. Com elas
aprendi a orar, a ter fé, paciência, persistência. Aprendi a respeitar meus
ancestrais e a linhagem de Budas. *
* Mãos em prece (gassho) *
*Monja Coen*
RETIRADO DO SITE ANJO DE LUZ