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terça-feira, 20 de março de 2012

MENSAGEM DA RD-InBrasCI-MS

Somos os culpados!

Nelson Vieira*

Por acaso, já pararam para refletir sobre a culpabilidade? Cremos que alguns sim, considerando-se o quantitativo expressivo que integra o universo. Temos a mania de culpar, de passar a bola, estabelecer culpados, criar subterfúgios, práticas viciadas do ser humano.

A facilidade de colocar alguém no “pelourinho” é deveras comum, é vapt e vupt, rapidíssimo. O ônus da prova (isso quando existente e concreta), que cabe a quem pôs o dedo na ferida apresentar, tem de ser consistente. A fim de evitar estragos, que depois de concretizados fica difícil contornar.

Gostamos de criar “bode expiatório” ou “boi de piranha”, para livrar a cara de situações desagradáveis, promovidas por nós. Fomos ou somos protagonistas, os atores nas encenações de atos “teatrais” reais e diários. O difícil é assumir a culpa e ter o “peito” de dizer em alto e bom som: Sim, eu errei e vou pagar. Falhamos muito no nosso comportamento, afinal somos imperfeitos.

O que não dá direito de fazer estrepolias, causar bulhas, em prejuízo de terceiros e, por vezes, à própria parte instigante. Ser imperfeito não é demérito, nem motivo para nos conformar, muito pelo contrário. Apontar e manifestar sim, mas sem exageros.

Quando dissemos que somos os culpados, temos guarida nos acontecimentos do cotidiano, que pululam, “germinam e crescem”, e tomam proporções alarmantes, contando com a participação de parcela do povo. E, na medida do possível, acaba sendo do conhecimento de todos. E, pouco ou nada fazemos para extirpar as causas ou minorá-las e nos danos buscar melhorias.

Temos por costume dizer que o governo não toma medidas ou decisões, por exemplo, para coibir o tráfico de drogas em todas suas nuances, e que também é deficiente no aspecto do tratamento dos dependentes químicos. Sem querer defender o governo (seja municipal, estadual ou federal), que não está imune aos problemas, mas fica patente o descaso da sociedade, em especial das famílias.

Famílias sem a mínima preocupação de ter os cuidados básicos para com seus familiares, deixando-os por conta do “abreu” e mesmo de terceiros, quando não do governo. E o que esperar disso? É só um exemplo. Para que ter filhos se não têm condições e capacidade de criá-los. A isso se dá o nome de falta de responsabilidade. E a culpa é de quem?

Noutro dia, quase sacrificaram a ministra Eliana Calmon. Esteve prestes a ser “crucificada”. Ficou na berlinda, ora sendo censurada, ora elogiada. No exercício da função de corregedora do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e magistrada, porque entre outras palavras ela dissera: “... existem bandidos de toga ...”. Ela falara baseada em dados concretos. Por entender que o CNJ pode agir independente dos tribunais e suas corregedorias quanto à análise de denúncias e processos contra juízes.

Sua capitulação não ocorreu em face do levante social (web), magistral, da população em desagrado com as medidas e ações que estavam em andamento e na esteira para serem discutidas, e quiçá aprovadas em desfavor do bem comum, ou seja, contra os princípios de que o bem da comunidade é o próprio bem do indivíduo, e nas palavras de D. João XXIII: “O bem comum consiste no conjunto de condições de vida social que consistam e favoreçam o desenvolvimento integral da personalidade humana”.

Daí perguntar o porquê de ficar de braços cruzados quando sentimos na “pele os ferimentos”. “É a sua atitude que promove mudanças”, ressalta o jornal O Estado de Mato Grosso do Sul, em suas edições diárias. Uma iniciativa notável no exercício da cidadania, que ratificamos neste.

Muito do que acontece ou deixa de acontecer, em favor da coletividade, é porque somos os culpados, não mexemos uma palha sequer. Quando existe o clamor (e sua persistência), a razão se faz ou fará presente, a ponto de causar surpresa em razão da brevidade, como no caso da ministra Eliana Calmon.

*Membro da Academia Maçônica de Letras de Mato Grosso do Sul e da Academia de Artes, Ciências e Letras Castro Alves.