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terça-feira, 10 de julho de 2012

DIVULGAÇÃO...


Matéria publicada no blog
 http://alrocha-antenacultural.blogspot.com.br/ 
Autora Acad-Alessandra Leles Rocha

Diplomados pela Crise

Já desisti de querer acreditar que nada mais me surpreende nessa vida! Semana começando, a rotina dando o ar de sua graça, e durante o café da manhã uma notícia me caiu bem mal. Desde o início da avalanche econômica nos Estados Unidos, a grande potência mundial tem mostrado o lado pouco glamoroso e poderoso que, até então, não era de domínio público; pessoas dormindo dentro de carros por não terem onde morar, falência e desemprego alarmante, enfim... o caos. Agora, a notícia que chega pela mídia globalizada é que o desemprego galopa vertiginosamente e derruba as expectativas, principalmente dos jovens universitários. A maioria deles que conta com um tipo de credito educativo, custeado pelo governo e empresas, para poder se formar e depois pagar esse “empréstimo”, está diante de uma dívida individual em torno de R$170.000,00; sendo que poucos estão conseguindo uma vaga de trabalho, mesmo fora da sua área de formação superior. Além disso, uma pesquisa liderada pela ex-secretária de governo norte-americano, Condolleza Rice, aponta que em torno de 75% dos jovens que pretendem ingressar nas forças armadas são recusados por estar acima do peso, ter ficha criminal e apresentarem falhas de formação no ensino. No contraponto dessa realidade sobram vagas que exigem formação técnico-especializada, em razão da carência de profissionais nessa condição 1.
Vocês devem estar pensando: mas o que temos com isso? Por aqui a taxa de desemprego se anuncia relativamente sob controle! Mas, não é bem assim! As portas de grandes eventos esportivos e da busca pelo crescimento econômico é preciso tirar lições das experiências alheias, especialmente daqueles tidos como “maiores” do que nós. Ainda que muitos torçam o nariz é fato que o Brasil sempre manteve uma tendência de se mirar nos modelos internacionais, especialmente, o norte-americano. O “american way of life” sempre fez muitos olhinhos tupiniquins revirarem de contentamento, mesmo quando por aqui a vida estava longe de ser “um mar de rosas”. Mas, depois que a economia se equilibrou e as expectativas tornaram-se mais palpáveis, algo muito importante permaneceu a passos lentos: a educação. A euforia inicial impediu a devida percepção de que a educação é o elemento chave de preparação social e consolidação de uma nova realidade de desenvolvimento e progresso.
Se eles estão percebendo falhas graves no ensino médio lá, por aqui as coisas são ainda mais sérias; pois, temos falhas em todos os níveis de ensino. Como eles, também abrimos a oportunidade de “universidade para todos”; mas, não temos oferecido “trabalho para todos”. Quantos alunos recém-graduados estão fora do mercado ou trabalhando em áreas totalmente diferentes ou que nem exijam qualificação superior? Por aqui também sobram vagas para áreas técnico-profissionalizantes; mas, falta mão-de-obra. A ideia de que o curso superior é a ferramenta imprescindível para a transformação da condição social, infelizmente continua a desmotivar os alunos a buscar uma formação de nível técnico e a enxergar a verdadeira realidade do mercado profissional brasileiro. Até mesmo no que diz respeito às ofertas de cursos técnicos, os aspectos quanti-qualitativos deixam a desejar e o reflexo faz com que em muitas áreas a baixa oferta de profissionais inflacione o patamar salarial, superando profissões de nível superior.
Comparado a diversos outros países, o Brasil certamente se destaca por oferecer ensino público desde as series iniciais até o ensino superior; mas, no que tange a estrutura desse ensino as discrepâncias são obstáculos significativos a serem enfrentados. A falta de infraestrutura das unidades de ensino ameaça o desenvolvimento dos trabalhos e a segurança de alunos, funcionários e professores. A deficiência na formação docente compromete a aplicação das diretrizes curriculares e quaisquer iniciativas de melhoria e desenvolvimento psicopedagógico no setor. O analfabetismo funcional já chegou às cadeiras do ensino superior... Enfim, o postergar contínuo dos problemas aliado ao insuficiente percentual de investimentos e enfrentamento direto e objetivo das prioridades, partindo do alicerce à cobertura do modelo educacional, se tornou cronificado.
Todo ofício exige preparação, conhecimento, habilidade. É na excelência de sua realização que sua valoração ganha destaque. Já somos assim no futebol, no vôlei e em tantos outros esportes; mas, um país precisa de uma diversidade bem maior de profissionais para sobreviver. É preciso, portanto, de “EDUCAÇÃO PARA TODOS”; educação que contemple a excelência de quem ensina para a obtenção do mesmo nível de resultado para quem aprende, que ao contrário de criar barreiras de segregação profissional (ensino superior mais importante do que o técnico, por exemplo) apresente o leque de opções disponíveis para a escolha do cidadão, que some esforços para atender as demandas do país. Afinal de contas só a ignorância, em seu sentido literal, é capaz de macular a sociedade e seus princípios de cidadania.