O amor tem seus tropeços, minha amiga;
às vezes, ao compor minha cantiga,
torno-me reincidente, confessando;
mas, se tropeço, incido em desalinho,
carente de ternura, de carinho...
Amar a gente aprende, soletrando...
Nem sempre a vida é aquilo que se vê!
Contudo, se me ocorre ver você,
minhas angústias vão se dissipando;
mas, se gaguejo, minha timidez
reverberando de forma soez,
querida, eu levo a vida soletrando.
Não posso conjugar o ceticismo!
Cheguei à conceber um eufemismo,
com a gagueira voraz me solapando.
Quem sabe se consigo, algum dia,
evanescente, nas asas da poesia,
calar minha saudade, soletrando.
Meu coração, querida, não tem jeito!
O amor que não se cala no meu peito,
discreto, me impõe mutismo, arquejando,
sintomatologia de loucura;
por que não solfejar tanta ventura,
dizendo que te amo, soletrando?!